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O presidente do PT no Amapá, Antônio Nogueira, anuncia que a retomada da agenda política de Lula inclui o AP
Entrevista

“Lula vai retomar a sua caravana pelo Brasil e certamente virá ao Amapá”

Mais que um seguidor de Lula, um lulista. Estamos falando do dirigente regional do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amapá, o ex prefeito de Santana Antônio Nogueira, que foi ouvido ontem pelo Diário do Amapá a respeito do fato político mais relevante do país durante a semana, a soltura do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção pela Operação Lava Jato. Nogueira adianta que Lula vai mesmo retomar a agenda política enquanto em outra frente seus advogados vão despejar esforços em anular sua condenação, a título de poder provar sua inocência a tempo de habilita-lo a disputar novamente uma eleição majoritária no país, já que oficialmente está com os direito políticos suspensos. Essas e outras questões polêmicas a seguir nesta entrevista exclusiva.

Cleber Barbosa, da Redação

Portal CB – Muita gente questiona se a decisão do STF está intimamente ligada ao caso Lula ou uma coisa independe da outra?
Antônio Nogueira – Olha, forçadamente o caso Lula acabou garantindo a estabilidade da Justiça brasileira, porque estava complicado. Todo mundo sabe que mudaram o entendimento da legislação, da Constituição enfim, mudaram por causa do Lula. Nós não queremos que se julgue nada olhando para o Lula, queremos que se garanta a Constituição, o que está escrito lá, e não por conta do Lula. Acabou que tanta pressão nacional e internacional ficou muito ruim para o Brasil, então ainda bem que a Corte Suprema do Brasil, o STF, garantiu a Constituição, não vale ministro do STF legislar, tem que julgar. E mais, essa história de que agora vão soltar ladrão, assassino, estuprador, enfim, dizer que acha isso, acha aqui, se quer achar alguma coisa que vá se candidatar, vai pro Legislativo, faz uma Constituinte e altera o que puder alterar no texto constitucional e pronto. O STF é garantista, é para garantir aquilo que o legislador fez.
Portal – Neste sentido já se desenha no Congresso Nacional a votação de uma proposta que retome a possibilidade de prisão em segunda instância. O que o senhor acha disso?
Nogueira – Mas não cabe! Não cabe porque a Constituição neste sentido só pode ser mudada no caso de uma Constituinte, você não pode simplesmente fazer uma alteração na Constituição, por uma lei, por uma PEC, não pode fazer isso. Como é uma cláusula pétrea, como é chamada, só pode ser alterada se chamar uma nova [Assembleia Nacional] Constituinte, como foi a de 1988. Mas não vai vingar isso aí, não existe!
Portal – Os críticos e observadores da festa organizada pelo PT desde a soltura de Lula na sexta-feira dizem que a comemoração parece como se ele tivesse sido inocentado, o que não é verdade, concorda?
Nogueira – Nunca comemoramos a questão judicial da inocência dele. Nós garantimos a inocência dele por tudo o que aconteceu, de que foi condenado sem provas, nenhuma prova, não conseguiram provar nada. E agora com a ‘vaza-jato’ foi escancarado que tudo foi uma farsa, para que ele não ganhasse a eleição, foi todo um sistema que operou para isso. Portanto não estamos festejando que ele foi inocentado, estamos garantindo sua inocência e vamos lutar para a inocência dele, na própria justiça. Vamos cobrar que a própria justiça julgue como deve ser julgado, analisando provas.
Portal – A retórica da defesa do ex-presidente Lula tem sido descredenciar o fato das acusações terem vindo a partir das delações premiadas, seja de empresários ou agentes públicos, mas o que dizer das revelações do ex-ministro Antônio Palocci, um quadro histórico do PT e muito ligado a Lula?
Nogueira – As delações de qualquer um que seja, com o cara acuado do jeito que foi, como todo mundo é ali, e isso foi provado na ‘vaza-jato’, as pressões psicológicas, pressões para se liberar o cara da cadeia, de tantos anos, então enquanto não se falou o que queriam ouvir não teve nada! Não é possível que um cara como o Palocci tenha falado tanto e não mostre uma prova, uma conta que foi depositado dinheiro para o Lula. Não é possível que o Lula fosse tão inteligente a ponto dos tantos milhões que o Palocci diz que foram pagos não apareçam agora, seja do Lula ou de um filho, na conta da mulher, enfim, não existe nada, nada. Então uma pessoa acuada, sob tortura inclusive, mesmo que psicológica, forçada a dizer algo e isso virar prova, isso é um dos maiores absurdos que se tem.
Portal – O senhor falou dos filhos do Lula e a propósito se fala muito a respeito o enriquecimento dos filhos do ex-presidente, que os negócios da família teriam prosperado da noite para o dia, qual a explicação então?
Nogueira – Se fala muito disso, que o filho do Lula é dono da Friboi, que é dono da Vivo, falam que tem fazenda aqui no Pará, que é milionário, dono de Ferrari, enfim, tudo mentira, tudo fake News. Só que muitos, inclusive pessoas esclarecidas, acabaram acreditando e até hoje acreditam nisso, mesmo já tendo sido desmentido, sendo amplamente divulgado. Então cadê a acusação? Cadê a condenação? Se o cara realmente tivesse tudo isso mesmo não estaria preso? Um filho do Lula? Se o Lula foi preso alvará [sic] um filho dele! Então é uma situação complicada que felizmente agora com essa decisão do STF as coisas parecem começar a se normalizar judicialmente.
Portal – E qual a estratégia da direção nacional do PT em relação a ter Lula de volta à militância política, a reorganização do partido e, claro, marcar posição de contraponto à atual gestão do país?
Nogueira – A situação agora está se borrando de medo do Lula, se borrando. Porque se com Lula preso é uma grande liderança, ainda mais agora que está solto. A nossa meta agora com Lula e o PT é provar a sua inocência, ele já está livre da cadeia, então nós vamos lutar para provar na justiça a inocência dele. Não queremos simplesmente o Lula livre da cadeia, queremos agora dizer que a justiça precisa julgar o [Sérgio] Moro, como uma pessoa que agiu erradamente, fora da lei, da suspeição do Moro que foi pedida, ele tem que ser julgado e vai julgar por esses dias. O tribunal tem que julgar isso e com amplas provas, a ‘vaza-jato’ mostrou e ninguém negou, estão ali as provas de que o Moro não tinha nenhuma condição de julgar o Lula, nem Moro nem Dalagnol.
Portal – Nessa agenda de compromisso que Lula deve cumprir deverá percorrer o país e poderá visitar o Amapá?
Nogueira – Vai percorrer o Brasil e virá ao Amapá! Certamente que vem. Ele virá ao Amapá sim, pois inclusive antes de ser preso já estava programada a vinda dele ao nosso estado, nós chegamos a fazer uma agenda pra ele aqui, que foi previamente aprovada, então nós vamos retomar as caravanas pela país e virá ao Amapá sim.
Portal – E ele virá na condição de pré-candidato a presidente da república em 2022?
Nogueira – Não discutimos isso, nem estamos discutindo. O que vai acontecer com o Lula agora é que ele vai mostrar para o país, nós vamos construir um programa para mostrar ao país que é totalmente diferente do programa do Bolsonaro, que vai afundar o Brasil. Vai afundar o Brasil como afundou o Chile, e aqueles que eles admiravam. Lula e o PT vão percorrer o Brasil para mostrar um outro projeto, um projeto como foi feito quando o  presidente Lula foi presidente por oito anos e fez a economia crescer, chegando a sexta economia mundial, fez o povo sair da miséria, a não passar mais fome, agora a fome está voltando, então o Lula vai fazer isso, vai viajar o Brasil que ele conhece como a palma da mão e fazer o PT apresentar um projeto alternativo para a retomada do crescimento econômico e social para o país.
Portal – Obrigado pela entrevista concedida ao Diário presidente.
Nogueira – Eu que agradeço. Lula livre!
Perfil
Entrevistado. José Antônio Nogueira de Sousa nasceu em Macapá e tem 48 anos. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT), em 1990. Em 1993 assumiu o cargo de auxiliar judiciário no Tribunal de Justiça do Amapá (TJ-AP), em Santana. Entre os anos de 1994 e 1996 foi professor da rede estadual de ensino do Amapá, também na cidade de Santana. Formou-se em Letras, pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), em Macapá, no ano de 1995. Elegeu-se vereador pelo município de Santana, de 1997-2000. Reeleito vereador nas eleições de 2000, foi eleito deputado federal em 2002. Em outubro 2004, foi eleito prefeito de Santana, e em dezembro renunciou ao mandato de deputado federal. Em 2008 foi reeleito. É o atual presidente do PT no Amapá.
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