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A estrutura flutuante avaliada em UU$ 130 milhões de dólares que ameaça afundar | Fotos: Cinegrafista Amador
Amapá

Governo promete ‘força-tarefa’ para apurar descaso com píer da Anglo

Cleber Barbosa, da Redação

As imagens de uma enorme estrutura metálica afundando em frente ao Porto de Santana (AP) circularam nas redes sociais nesta segunda-feira (11), gerando medo e revolta em moradores ribeirinhos, bem como levando a um debate sobre o descaso das mineradoras Anglo American e Zamin Ferrous, responsáveis pela reparação do porto, que ruiu em 2013 matando seis operários e gerando uma crise sem precedentes no setor de mineração do Amapá. O Governo do Estado organiza uma força-tarefa para avaliar os riscos e cobrar providências.

A estrutura em questão é chamada tecnicamente de “Jack-Up”, uma versão mais moderna de um píer flutuante, para substituir o anterior, construído pela mineradora Icomi S.A. ainda na década de 1950. Esse equipamento foi adquiro pela Anglo American e repassado à Zamin Ferrous, em meio à polêmica transferência do controle acionário do Sistema Amapá, denominação que vinha desde a passagem de Eike Batista por Santana, com a mineradora MMX – depois vendida à Anglo.

Segundo fontes ouvidas pelo Portal CB, aquela estrutura foi comprada nova, avaliada em US$ 130 milhões (de dólares) e jamais teve a sua instalação concluída. “Esse píer utiliza uma tecnologia superior à primeira versão, do píer da Icomi, pois vem com longas vigas que deveriam ser fundeadas e fixar todo o atracadouro no fundo do rio”, diz um ex técnico da empresa, ouvido pela reportagem mas que pediu para não ter o nome revelado.

Ele diz que devido ao abandono de todo o parque industrial deixado pela Anglo para a Zamin, onde sequer um serviço de vigilância está sendo ofertado, tudo está vulnerável à ação de vândalos. “O píer é na verdade uma grande balsa, projetada para flutuar dentro da área delimitada pela vigas, mas como ninguém concluiu sua instalação está sendo pilhada à luz do dia”, diz o técnico. Ele diz que algumas escotilhas foram arrancadas por ratos d’água, para furtarem as bombas existentes no píer. “Por isso ela começou a fazer água e está afundando”, completa.

Acompanhe vídeo feito por ribeirinhos na estrutura do píer da Anglo

Respostas

A reportagem ouviu o vice-governador Jaime Nunes agora à noite, que prometeu levar o caso ao governador Waldez Góes. Pouco depois, veio da Secretaria de Comunicação do Governo a informação de que amanhã uma força-tarefa vai para Santana avaliar todo o complexo e os riscos que oferece à comunidade. “Teremos engenheiros, a defesa civil e os bombeiros lá para uma primeira avaliação”, disse o secretário Gilberto Ubaiara, da Secom. Ele também falou das limitações que esse caso impõe, numa longa disputa judicial que se arrasta há anos.

Também ouvimos o comandante da Capitania dos Portos do Amapá, o capitão-de-fragata César da Silva. Ele disse que a missão da Marinha do Brasil é a segurança da navegação e não fiscalizar portos de particulares, mas diante dos riscos eventuais que o abandono daquela estrutura pode oferecer potencialmente, já vinha buscando por informações. “No ano passado nós já havíamos notificado os responsáveis pelo píer, mas não obtivemos respostas, então vemos com bons olhos a criação dessa força-tarefa pelo Estado e também estaremos nos associando aos esforços por uma solução do problema”, disse o militar.

Sumido

Em maio do ano passado, CleberBarbosa.Net já vinha alertando para os riscos que o abandono daquela estrutura já provocava, porém nada foi feito. O senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP) chegou a viajar a Londres, na Inglaterra, para buscar garantias do Reino Unido para que a mineradora Anglo American fosse obrigada a quitar suas pendências no Amapá. Mas nada mudou desde então.

Ainda segundo nossa fonte, o presidente da Zamin Ferrous, o indiano Pramod Agarwal, levou a sede da empresa para Londres e o sistema monárquico do jeito que fora concebido, não tem ingerência nenhuma sobre as empresas e seus investidores. “Não vão achar o Pramod nem daqui a mil anos”, desabafa o técnico ouvido pela reportagem.

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