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A dança do Marabaixo, uma das mais autênticas manifestações culturais do Amapá | Foto: MR Fonseca
Cultura

Dia 16 de junho, uma data oficial para a dança do Marabaixo

A festa Marabaixo é uma comemoração religiosa que acontece no Amapá, praticada por remanescentes de quilombos, os quais demonstram sua fé através da dança, do canto e do consumo da gengibirra, bebida feita à base de gengibre e álcool. Os africanos, que chegaram ao Brasil na condição de escravos, trouxeram elementos da cultura de seus países de origem. Entre esses elementos culturais, a música e a dança foram fundamentais para a manutenção de uma memória da terra de origem e, ao mesmo tempo, para o estabelecimento de uma identidade.Para que os senhores de escravos permitissem manifestações musicais e danças, os negros cativos incorporaram a elas aspectos da cultura branca, sobretudo aspectos da religião. Assim nasceu o Marabaixo, misturando tradições africanas aos rituais e crenças da religião católica. O Marabaixo é uma festa religiosa em louvor à Santíssima Trindade e ao Divino Espírito Santo, realizada através de missas que misturam danças, músicas, ladainhas.


As danças e músicas são improvisadas, originalmente, e devem representar a realidade vivida, o dia-a-dia de uma comunidade. Por representar situações cotidianas, o Marabaixo pode ser composto de movimentos que lembram lutas, como também movimentos que lembram a alegria, a tristeza e a paixão.Os instrumentos utilizados são caseiros, confeccionados rusticamente de madeira cavada, transformada numa espécie de caixa imitando o som de tambores. Recebem o nome de membranofones. Participam negros e mulatos, em maioria, que respondem em coro a uma espécie de “desafio” tirado por um cantador ou cantadora, que lança os improvisos.

As festividades do Marabaixo se iniciam no domingo de Páscoa e terminam no dia do Divino Espírito Santo, ou seja, quarenta dias após o domingo em que se comemora a ressurreição de Cristo.Como toda a tradição, o Marabaixo sofreu modificações ao longo dos anos. No entanto, um aspecto chama a atenção quando se observa esse ritual. De modo geral, as tradições populares perdem sua força nos espaços urbanos, incorporam os avanços tecnológicos que favorecem o esquecimento e, até mesmo, o abandono das tradições de origem de um povo.Ao contrário, o Marabaixo, na atualidade, mantém-se vivo e importante em áreas urbanas. Na cidade de Macapá, os bairros da Favela e do Laguinho são considerados redutos, guardiões da prática e dos ensinamentos sobre o Marabaixo. Considera-se que a migrações de populações rurais para a cidade de Macapá foram importantes para a manutenção dessa tradição no espaço urbano da capital amapaense.

Uma arte secular que vem dos pioneiros do Amapá

 


De acordo com o texto do jornalista amapaense Edgar Rodrigues, que também é historiador “o Marabaixo é um tradição secular que passa de geração em geração através dos anos. É dançado na capital, Macapá, anualmente, nos meses de maio, junho e julho, nos bairros do Laguinho, na Favela e na comunidade do Curiaú”.

A festa Marabaixo é uma comemoração religiosa que acontece no Amapá, praticada por remanescentes de quilombos, os quais demonstram sua fé através da dança, do canto e do consumo da gengibirra, bebida feita à base de gengibre e álcool. O batuque das caixas, as dançadeiras e a energia da cultura é sensacional!

Propriedade
Já o também jornalista Elton Tavares, diz que apesar de certa controvérsia, a dança do Marabaixo precisa ser apropriada pelos amapaenses. “Alguns não gostam, muitos por puro preconceito e outros por ignorância. Eu dou valor Quando adolescente, ia muito ao Marabaixo com meu saudoso pai. Depois que ele partiu, deixei isso de lado. Vez ou outra, vou prestigiar. Este ano marquei furo nas festas, mas adoro”, diz.

Reconhecimento como uma autêntica manifestação da cultura do Amapá

Projeto do ex-deputado Dalto Martins, falecido em 2012, criou o Dia Estadual do Marabaixo no Estado do Amapá e visava o reconhecimento oficial por parte do Poder Público, para a importância desta que é a mais autêntica manifestação cultural do Amapá. A Lei foi aprovada pela Assembleia Legislativa e declarou o dia 16 de junho, Dia Estadual do Marabaixo Amapaense, como data comemorativa no âmbito do Estado do Amapá para divulgação e preservação desse movimento folclórico.

O Marabaixo é considerado uma tradição secular, passa de geração em geração através dos anos. É dançado anualmente, nos meses de maio, junho e julho, nos bairros do Laguinho, na Favela e na comunidade do Curiaú, em Macapá. São versos cantados, chamados de “ladrões”, que desde o princípio contavam o dia-a-dia em rimas repetidas nas noites de festa. A dança acontece no ritmo de tambores ou das caixas, instrumentos de percussão construídos com madeira e pele de animais. As mulheres dançam de forma vigorosa, com suas saias de cores vivas, no ritmo forte e intenso dos batuques.

Para a proponente do evento solene, a importância dessa manifestação cultural, no Amapá, é tão grande que foi definido o dia 16 de junho como o Dia Estadual do Marabaixo, data em que se comemoram as raízes negras, desde o antigo Território Federal do Amapá. A sessão solene serviu para celebrar a importância do Ciclo do Marabaixo para a cultura local. “A cultura de um povo é o seu maior patrimônio, preservá-la é resgatar a história, perpetuar valores, e firmar raízes”, ressaltou a deputada Roseli Matos, que foi a autora de uma sessão solene no Parlamento Estadual para resgatar as comemorações oficiais do Estado no âmbito do Legislativo Estadual.

CURIOSIDADES

– Marcado pela mistura de tradições e religiosidade, o marabaixo tem como elementos os versos musicais, conhecidos como “ladrão”, gengibirra, bebida ritual servida nas rodas, caldo, as blusas floridas e saias rodadas das ‘dançadeiras’, que também usam flores na cabeça, e a tradicional dança, que os participantes arrastam os pés em círculos.
– As danças ACONTECEM ao som das caixas, como são chamados os tambores de marabaixo

78,9 %
Percentual da população amapaense formada por negros e pardos.

POR DENTRO

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