Cleber Barbosa, da Redação
Quem opera com turismo receptivo no Amapá certamente deve ter curiosidade de saber a opinião daqueles que partem a respeito do que viram, do que ouviram e do que comeram por aqui. Então o Blog do CB descobriu um repositório de criteriosas análises a respeito das viagens que o blogueiro português Filipe Morato Gomes faz ao redor do mundo, uma delas incluindo o Amapá, em 2009, num Fampres organizado pelo Sebrae Amapá.
Ele mantém além dessa página um portal chamado “Hotelâdia”, onde se divulgam os melhores exemplos da hotelaria portuguesa, e onde ele dá workshops de Escrita de Viagens.
“O Marco Zero do Equador, monumento que glorifica a localização, é uma das principais atracções turísticas da cidade e até o mais importante estádio de futebol tem a linha divisória do campo perfeitamente alinhada com o Equador. Os amapaenses relembram-no com orgulho. Nos dias em que deambulei [perambulei] pelas ruas da cidade, passei de rompante no “Marco Zero” apenas por ser dia de Equinócio, pretexto para um ajuntamento popular com direito a bandas de música e discursos oficiais”.
Fortaleza
“Fui depois conhecendo a inevitável Fortaleza de São José de Macapá, mandada edificar por governantes portugueses na actual avenida Beira Rio, uma artéria embelezada pela proximidade de um impetuoso Amazonas cor de barro; o Museu Joaquim Caetano da Silva, museu histórico por excelência de Amapá, possuidor de um interessante espólio arqueológico; o Museu Sacaca e a adjacente “farmácia social”; e locais como a Feira do Produtor, mercado ideal para conhecer os produtos frescos que fazem a economia local, entre os quais inúmeras espécies de peixe, legumes e frutas como a melancia e o açaí”.
Em Mazagão Velho, uma bandeira portuguesa
“No último dia no Amapá, fiz questão de visitar Mazagão Velho, um vilarejo de origem luso-africana que terá sido fundado com a chegada de centena e meia de famílias fugidas da costa de Marrocos. Batuques ecoavam no sistema de colunas públicas instalado pelas ruas empedradas, com casinhas pintadas harmoniosamente e o ar parado de uma aldeia do interior. “Venha ver uma coisa”, disse-me um homem quando soube da minha origem. Caminhámos até ao outro extremo da vila, atravessando, o centro e o campo de futebol, e ali estava ela, uma bandeira portuguesa quase tão velha como Mazagão, com rasgões vários e os verdes e vermelhos esbatidos, esvoaçando. No avião de regresso a Portugal, enquanto via o Amazonas cada vez mais distante e infinito, soube que o meu regresso ao Amapá será inevitável. Para me assombrar com a poderosa pororoca, onda fluvial gigante que sobe o rio e atrai os mais destemidos surfistas do mundo no mês de maio; para avistar os graciosos botos da bacia hidrográfica do Amazonas; para percorrer a “estrada de chão” rumo a Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa”.
Da balada noturna emendando para o Igarapé das Mulheres
“E havia ainda o Igarapé das Mulheres, um dos principais locais onde, diariamente, por via fluvial, o açaí chega a Macapá. Queria assistir a esse acontecimento; combinamos sair às 4h30. A noite ia ser longa. Quando as raios solares se despedem de Macapá, todos os caminhos desaguam na marginal [orla] da cidade. É o local onde se concentram pequenos bares e restaurantes, muitos com música ao vivo, animação e gente vestida para impressionar. Fui verificar. O Amazonas batia com estrondo no paredão, misturando-se com os ritmos frenéticos do pagode e melosos do zouk, salpicando de alegria os transeuntes. Num bar mais recatado, uma voz feminina e doce entoava MPB. Ficámos por ali”.
Feira do Açaí
“A noite ainda ia alta quando rumei ao Igarapé das Mulheres e já os barcos tinham descarregado grande parte dos cestos repletos com bagas de açaí, que jaziam na doca, alinhados. Homens de pele enrugada e cigarro na boca passavam o tempo à conversa, expectantes, aguardando compradores. Outros dormiam em redes montadas no convés de barcos pesqueiros, após a faina [trabalho] nocturna. O ambiente era o de uma lota, mas mais calmo. Em poucas horas, as bagas de açaí vendidas estarão transformadas numa das mais típicas iguarias do Amapá. No comércio de Macapá e ao longo das estradas das proximidades, poucas horas depois, uma bandeira vermelha esvoaçará ao vento indicando aos clientes a abundância de açaí, para saborear à colher, fresco e encorpado, com ou sem tapioca, com ou sem açúcar, mas sempre delicioso”, derrete-se o blogueiro português.
Autoapresentação
– O meu nome é Filipe Morato Gomes, vivo em Matosinhos, Portugal, e sou blogger de viagens.
– Tenho 46 anos e muita experiência de viagem acumulada. Já dei duas voltas ao mundo, fiz dezenas de viagens independentes e sou líder de viagens de aventura. No que puder ajudar, estou ao dispor de quem quer viajar mais e explorar os encantos do planeta.
– Sou também co-fundador da Hotelandia, onde se divulgam os melhores exemplos da hotelaria portuguesa, e dou workshops de Escrita de Viagens.
* Extraído do Blog Alma de Viajante
AÇAÍ
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