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Equipe Econômica do C6 Bank: “Por que o euro está em alta?”

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O euro vive um bom momento em 2025. Desde o início do ano, a moeda europeia ganhou força frente a outras divisas, como o iene, a libra e, sobretudo, o dólar.

Esse movimento reflete, em grande parte, fatores que não estão diretamente ligados à economia europeia, mas a perspectiva de melhora do crescimento da zona do euro nos próximos anos tem tido um peso importante.
O que está por trás, afinal, da valorização do euro?

A força do euro

A maré está favorável para a principal moeda da Europa. Desde janeiro, o euro ganhou espaço frente aos seus pares. A valorização foi de mais de 8% em relação ao dólar canadense, quase 6% frente ao iene japonês e mais de 4% contra a libra esterlina.
Na comparação com o dólar americano – que atravessa um período de fraqueza mundo afora – os ganhos foram ainda mais expressivos: 13% até a última sexta-feira (15/8).

Entre os fatores que explicam o fortalecimento do euro estão razões internas e externas, mas o otimismo recente com a economia europeia tem sido um ponto importante. Após anos de crescimento fraco, investidores voltaram a ver, no horizonte, um período de expansão moderada.

Os anos após a pandemia foram duros. A economia da zona do euro avançou apenas 6% desde 2019, enquanto os Estados Unidos cresceram 13% no mesmo período – os dados comparam o fim de 2019 com o segundo trimestre de 2025.

A situação da Alemanha, maior economia do continente, é ainda pior. O crescimento alemão ficou praticamente estagnado, com avanço de apenas 0,3% desde 2019.

Agora, o cenário deve começar a mudar no país. Em março, o governo alemão anunciou que fará investimentos de € 500 bilhões ao longo de 12 anos para renovar e modernizar a infraestrutura local. O fundo deve financiar projetos nas áreas de transporte, saúde, energia, educação, pesquisa e digitalização.

Para viabilizar o plano, o parlamento alemão aprovou uma flexibilização da regra do “freio da dívida”, criada em 2009. Trata-se de uma virada de chave na política fiscal alemã, que por décadas priorizou a disciplina dos gastos e a estabilidade do endividamento do país.

O mercado recebeu bem o anúncio, vendo nos investimentos uma oportunidade de elevar o PIB potencial alemão, além de contribuir para o crescimento de outras economias do bloco.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia da Alemanha deve encolher 0,1% em 2025, mas voltar a crescer a partir do ano que vem. É esperado um avanço de 0,9% em 2026 e 1,5% em 2027 – ritmo semelhante ao observado antes da pandemia de covid-19.

Outro fator que reforça a perspectiva de maior crescimento na região é a necessidade de os países europeus aumentarem gastos com defesa.

Desde junho, a Otan – aliança militar que reúne países da Europa e da América do Norte – recomenda que seus membros destinem 5% do PIB por ano à defesa e à segurança. Hoje, porém, quase todas as nações europeias que integram o bloco investem cerca de 2%.
No curto prazo, o impacto dessa medida sobre o PIB tende a ser limitado na zona do euro, já que boa parte dos equipamentos militares é importada. Mas cresce a expectativa de que a Europa desenvolva indústrias próprias, ajudando a sustentar o crescimento no longo prazo.

Euro forte, dólar fraco

Além da mudança do cenário para o crescimento europeu, outro fator teve peso fundamental para o brilho do euro nos últimos meses: o enfraquecimento do dólar.
Reconhecida por sua solidez, a moeda americana é tradicionalmente vista como porto seguro, em especial durante períodos mais turbulentos no cenário global.

No entanto, nos últimos meses, as incertezas quanto as medidas a serem adotadas pelo governo e os seus impactos sobre a economia dos EUA levaram parte do mercado a buscar outras opções de investimento seguro, como o euro.
Um dos elementos que reduziram a confiança no dólar foi a imposição de tarifas comerciais pela Casa Branca. O temor é que as tarifas elevem os preços, pressionem a inflação e acabem prejudicando o crescimento econômico americano.

Também cresceu a preocupação dos investidores com o ambiente institucional nos EUA. O receio de uma maior intervenção da Casa Branca na condução da política monetária e na gestão das agências que publicam dados econômicos começou a entrar no cálculo de risco dos investidores.

Soma-se a isso a aposta em mais cortes de juros nos EUA, em razão de uma possível desaceleração da atividade econômica americana. E juros mais baixos tendem a reduzir a entrada de investidores estrangeiros no país.
O saldo deste cenário tem sido a saída de recursos dos EUA e uma consequente desvalorização global do dólar — inclusive frente a moedas emergentes, como o real. Na última terça-feira (12/8), a moeda americana fechou a R$ 5,38, no menor valor desde junho de 2024.

Na nossa avaliação, a desvalorização do dólar deve continuar a dar ímpeto ao euro, com a expectativa de cortes de juros nos EUA reforçando ainda mais esse movimento.

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